Edição: 2015, Ed.3-JUL-AGO-SET
À medida que envelhecemos ocorrem mudanças biológicas, psicológicas, cognitivas e sociais significativas que aumentam a predisposição à incapacidade funcional, multi-morbidade e amplificam o risco a situações de vulnerabilidade1-3.
A perda de massa e força muscular é uma variável clínica pontual e relevante, no entanto, ainda um problema clínico subestimado. A relevância clínica é inequívoca, pois o sistema muscular tem funções primordiais como sustentação corporal, locomoção, respiração e funções metabólicas. Além disso, essas variáveis têm se mostrado fortes preditores do estado funcional geral, da qualidade de vida, de morbidade e mortalidade4-6. Essas perdas podem afetar negativamente a capacidade funcional levando o indivíduo a um envelhecimento fragilizado6-8 com expressivo aumento da mortalidade 6.
Dentro deste contexto a sarcopenia, originalmente definida como uma diminuição na massa muscular relacionada com o envelhecimento9-10, tem tomado espaço nas discussões e pesquisas clínicas devido à alta prevalência (1 – 29%) e associação à desfechos desfavoráveis.
Recentemente, estudos demonstraram que a diminuição da força muscular é mais evidente do que a redução da massa muscular nos idosos11-16, e é considerada um bom indicador de incapacidade15. Por esta razão, o Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em Idosos (EWGSOP) desenvolveram um algoritmo para diagnosticar sarcopenia com base em três critérios: diminuição da força muscular, massa muscular e performance física diminuída16 (figura 1).
Portanto, devido ao seu elevado risco para resultados adversos para a saúde, incluindo a maior incidência de doenças, institucionalizações, internações, quedas, incapacidade e mortalidade17-18 torna-se necessária a implementação dessa avaliação na rotina dos serviços de saúde. Para isso são necessárias ferramentas de triagem facilmente acessíveis, de aplicabilidade prática, rápida e de baixo custo. A proposta do EWGSOP é bastante factível com esta realidade, pois dispensa uso de equipamentos e exames complementares de alta complexidade.
Os profissionais de saúde estão acostumados assistir indivíduos com esta condição. No entanto, não é uma condição avaliada de forma rotineira, poucos profissionais reconhecem o impacto dessa síndrome sobre os desfechos adversos associados a ela e, tampouco, reconhecem ser uma condição tratável.
Baseado do exposto acima, instrumentos de rastreamento da sarcopenia deveriam ser implementados nas unidades de atenção básica em saúde, podendo contribuir para a identificação precoce dos idosos mais vulneráveis à fragilização, incluindo àqueles que apresentam maior dificuldade de acessar o serviço de saúde especializados. Além disso, permite a reorganização da atenção à população idosa com baixo custo, pois o algoritmo é composto por avaliações simples de massa e força muscular, além da capacidade funcional avaliada por meio da velocidade da marcha. Sendo possível ser manejado por qualquer profissional de equipe multidisciplinar.
Dessa forma, é possível identificar indivíduos inicialmente acometidos com a condição e propor estratégias terapêuticas ou preventivas adequadas, buscando, em última análise, a medicina personalizada.
SOBRE O AUTOR
Mestrado Profissional em Saúde e Desenvolvimento Humano